quinta-feira, 30 de junho de 2011

Nossos interesses alheios

Uma das primeiras palavras do dicionário jornalístico é objetividade. Lembro desse termo escrito na lousa branca, à espera de definição, durante a disciplina de Fundamentos do Jornalismo Impresso. Com o tempo, se entende que a neutralidade faz parte de uma meta, muito perseguida, mas impossível de ser completamente atingida.


Antes de ser repórter especial, Cal McAffrey, personagem interpretado por Russell Crowe, em ‘Intrigas de Estado’, é um ser humano. Como jornalista, está em busca da verdade. Como pessoa, quer aliviar um sentimento de culpa. Quais interesses movem esse, ao mesmo tempo, herói e anti-herói? O que é história, caso policial e notícia? O que é conversa, sequestro e entrevista?


Cal busca equilíbrio em meio a essas definições e, sem negar a raça humana, comete falhas. Por confusão, simples incapacidade de ignorar seus interesses, puro cansaço físico e mental... Muitas poderiam ser as justificativas para pisar na bola. Mas na real, é mesmo difícil separar o homem e o profissional.


E mais complicado ainda é encontrar o equilíbrio entre o 8 e o 80. Na música ‘Três Lados’, Skank lembra que as situações podem ser relativizadas. Talvez nem seja interessante classificar entre parcial e não-parcial. É possível que o desafio esteja justamente em investir naquilo que, pelo menos, se aproxima do ideal. Se Cal errou, foi tentando acertar. E essa tentativa, por si só, já vale a pena.

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