quinta-feira, 16 de junho de 2011

Vale um registro em preto e branco

Muito válida a palestra com o editor de fotografia da Zero Hora, Ricardo Chaves. Na quarta-feira, dia 15, ele compartilhou, com os alunos e professores da Unisc, sua experiência de mais de 35 anos na carreira de fotógrafo. Com seu jeito bem-humorado e crítico, pareceu bastante à vontade no auditório do bloco de Direito. Era quase como se estivesse conversando com a plateia no centro de convivência.

Mostrou fotos suas e trabalhos de colegas. Contou histórias. Comentou sobre momentos peculiares como os dias em que passou em meio à selva, dormindo e comendo mal, sendo picado por insetos, e não teve seus registros veiculados pela revista. Outra situação curiosa ocorreu durante a visita do papa à Polônia, quando fotografou um rapaz, com sapatos furados e pernas sujas, que, depois da insistência, teve permissão para assistir à passagem do pontífice ao lado de autoridades. Chorou diante da desigualdade. “A foto é boa. Merda é o país”, resumiu.

Criticou o “deslumbramento ou espécie de embriaguês” diante da possibilidade de interagir com o leitor. Chaves questionou até que ponto a foto enviada é relevante e deve ser publicada pelo veículo que a recebe. Destacou ainda a necessidade de o fotógrafo saber, hoje, gravar vídeos e editar, como forma de manter o controle sobre o próprio ofício. No entanto, fez uma ressalva: “a tecnologia aumenta as possibilidades, mas joga mais coisa no nosso colo. Nos dá mais trabalho”.

Se rendeu a palestra? Com certeza. Mais de um post e um excesso de linhas neste texto, inclusive. Que o primo me perdoe e não me desconte tanto na nota. Afinal, foi ele quem perguntou a respeito do rendimento dessa aula diferente. E para o Chaves, vale abrir uma exceção. Ele merece ser fotografado em preto e branco, em uma tentativa de homenagear um grande fotógrafo, com histórias lindas e formas ainda mais interessantes de contá-las.

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