quarta-feira, 16 de março de 2011

INTERATIVIDADE

A opção brasileira foi por um sistema de TV Digital que garanta qualidade de imagem totalmente regrada para restringir que a ferramenta caminhe para uma interatividade completa. A universalização do diálogo, a interatividade deram lugar ao clamor do mercado ao consumo da qualidade.

A estrutura de produção do conteúdo de forma vertical de mão única, onde o editorial é condicionado, direcionado e a serviço do interesse corporativo-privado-monopolista, jamais admitiria a possibilidade de expressão que não a sua própria. Imaginemos o potencial da interatividade transformando em prática comum o controle social sobre os meios e sobre a mídia. Foi esta a garantia dada aos grupos da comunicação convencional e as famílias da comunicação pelo ex ministro Hélio Costa na construção da opção brasileira do padrão de TV DIGITAL. Foi a sobrevivência de um sistema pressionado pelo avanço da comunicação pública e a ação dos grupos internacionais nas telecomunicações que já detém a produção do conteúdo que distribui.

O mesmo dispositivo manteve nas mãos do monopólio a ocupação do espaço eletromagnético, reduzindo a disponibilidade do sistema para circulação de dados. Mesmo o governo, que já tem problemas na comunicação pública desde o ponto de vista das telecomunicações ao da radiodifusão, por conta da opção pela privatização da telefonia da década de 90, hoje sequer nas forças armadas, constitui segurança a soberania nacional, pois até sua comunicação é dependente da utilização da malha privada de capital externo proprietária atual dos meios de distribuição, dás antenas aos satélites.

O exemplo da internet com a garantida a interatividade seria perspectiva transformadora da TV Digital, mas não, não será enquanto agir como age o monopólio da comunicação no Brasil, com sua defesa irresponsável da liberdade de mercado, que os engole e agora força o povo a absorver seu único e exclusivo desejo.

Que se permita a interatividade para que ao menos isso se diga livremente. Dizer que não há direito a comunicação, que os meios públicos sofrem os ataques do interesse privado, único beneficiado com os bilhões da publicidade do estado, principal financiador de sua atuação. Dizer que estes recursos devem estar a serviço da construção da comunicação pública, direito humano fundamental, para financiar os organismos que equiparam as garantias sociais, combatem a miséria e não servem as intenções de avanço do consumo mercantil e cultural.

Democracia é muito mais do que garantir o pleno exercício das relações de mercado, é possibilitar a garantia de direitos fundamentais, desconcentrar a propriedade e possibilitar a apropriação coletiva da produção, do conhecimento, do desenvolvimento.

Interatividade. Sem miséria!

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