sábado, 16 de abril de 2011

Giovani Grizotti conta bastidores de reportagens investigativas

Na quarta-feira da semana passada, eu e o colega Igor Muller deixamos de participar da aula de Jornalismo Online para ver a palestra que o jornalista investigativo Giovani Grizotti coordenou em Taquari. O evento abriu a programação do aniversário de 10 anos do jornal local O Fato Novo. A baixo segue um breve relato da sua explanação:

Por cerca de duas horas, o repórter, com a face desconhecida mas o nome destacado por matérias como a Máfia dos Pardias – veiculada em março no Fantástico pela Rede Globo – e a Farra das Diárias, conversou com o público que lotou o salão do Grêmio Recreativo Alvi Negro. Grizotti contou o caminho da sua trajetória até se consagrar como um dos grandes nomes do jornalismo no País.

A carreira de Grizotti começou em um jornal de Capão Novo. O repórter também passou pela Rádio Horizonte e Rádio Gaúcha até chegar a RBS TV. Impulsionado pelo inconformismo, o repórter conta que foi a capacidade de não se acomodar com pautas “menores” que o levou a querer trabalhar com grandes investigações.

Durante a palestra ele exibiu reportagens veiculadas em rede nacional como a dos ônibus sucatas – a matéria mostra como foi possível legalizar uma frota de sucatas do DAER -; fraude na compra da merenda escolar e comércio de diplomas falsos. Depois de cada exibição, Grizotti contou os bastidores da produção e a repercussão dos casos.

Repercussão

O repórter confessou que algumas vezes fica insatisfeito com a falta de retorno das matérias. É o caso da reportagem Farra das Diárias – a matéria denunciou vereadores de Triunfo que ao invés de participar de palestras profissionalizantes faziam turismo durante as viagens. A produção da pauta custou cerca de R$ 30 mil (principalmente em viagens e passagens aéreas) e não deu os resultados que Grizotti achou que dariam.

Multimídia

Embora dê mais trabalho, Grizotti afirma que tem o hábito de, após o término das investigações, deixar uma versão das reportagens pronto para cada uma das plataformas do Grupo RBS. “Faço para o online, rádio e jornal. Pra mim é ainda melhor que se divulgue”, disse.

Investigações

Sem conseguir dar conta de todas as denúncias que chegam até ele, Grizotti conta que trabalha, em média, em quatro matérias ao mesmo tempo – depois da veiculação de uma grande reportagem, chegam cerca de 200 e-mails com denuncias até o jornalista. O repórter defendeu ainda o uso da câmera escondida para as investigações e o uso de uma outra identidade para obter informações. “Por trás das minhas matérias há um interesse público. São crimes que prejudicam o público. Tenho que assumir um personagem, como nos filmes. Cada reportagem é um personagem novo. Sou mais ator do que jornalista. Tenho que representar para convencer.”

Sem foto

“Fujo das câmeras que nem o diabo foge da cruz”, disse Grizotti logo ao iniciar a palestra. Durante o encontro estava proibida uso de câmeras fotográfica, como medida de segurança exigida pelo palestrante.

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